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sábado, 9 de junho de 2012


 Nossos tempos nunca estiveram alinhados. Eu só queria conhecer a vida ao lado dele, como uma criança, cheia de medos, amor e esperando ele me dar a mão, pra eu atravessar a rua. Ele já era íntimo da vida, queria segurar o mundo e, por isso, largou minha mão. Foi embora, mas nunca me libertou. Sempre me quis na gaiola, enquanto ele voava sem destino por aí. Voltava, me alimentava e retornava pra sua vida, que um dia havia sido nossa, feliz, e era por isso que eu continuava ali, trancada. Até que numa dessas vindas, ele me deu água, comida e mentira, aí foi demais. Me roubou tantas coisas, matou minha menina. Hoje eu também voo, porque gaiola ficou pequeno demais pra mim. Pra mim, minhas mágoas, minha repulsa, nosso fim. Agora eu atravesso as ruas sozinhas, porque a vida tá tão mais convidativa e eu já não preciso de guia turístico, banco minha felicidade sozinha. Meu primeiro amor, minha primeira decepção, meu último adeus.

Marcella Fernanda



Um comentário:

  1. E a vida é assim mesmo. Vai-se, como um catavento. Nela desenhamos alegria e escolhemos os contentamentos. Adorei a sua escrita.
    Bom fim de semana

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